A MISSÃO DOS LEIGOS  E LEIGAS NA IGREJA E NO MUNDO HOJE

QUEM SÃO OS FIÉIS LEIGOS?

O  termo  leigo, em grego “laikos,”  deriva de  “laós”  que significa povo, isto é, povo de Deus, que é um povo sacerdotal. Trata-se, pois, de um conceito  positivo, comentado pelo uso do texto mais explícito do Novo Testamento sobre o sacerdócio real: “Vocês são raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido por Deus, para proclamar as obras maravilhosas daquele que chamou vocês das trevas para a sua luz maravilhosa. Vocês que antes não eram povo, agora são povo de Deus…” (1 Pd 2,9-10).

“Laos” exprime, portanto, a consciência que povo de Israel tinha de ser o povo eleito, escolhido e amado por Deus: “Pois você é um povo consagrado a Javé seu Deus: foi a você que Javé seu Deus escolheu para que pertença a ele como povo próprio, entre todos os povos da terra”  (Dt 7,6).

“Pelo nome de leigos aqui são compreendidos todos os cristãos, exceto os membros de ordem sacra e do estado religioso aprovado na Igreja. Estes fiéis pelo batismo foram incorporados a Cristo, constituídos no povo de Deus e participantes à sua maneira da função sacerdotal, profética e real de Cristo, (ensinar, santificar e governar),  exercem no que lhes compete, a missão de todo o povo cristão na Igreja e no mundo” (LG 31).

 “Os leigos são, antes de tudo, ‘cristãos’. A Nova Aliança prometida por Javé, da qual deve nascer um povo novo, santo e universal pela efusão do Espírito, consumou-se no sangue de Jesus, o Cristo. Aquele que nele crêem, regenerados pela Palavra, pela água e pelo Espírito, são transformados em ‘cristão’. Graças ao Espírito, eles pertencem a Cristo, o Ungido por excelência, tornam-se filhos de Deus e irmãos entre si, na Igreja. O leigo é, portanto, antes de tudo, o ‘homem cristão’ […]. Esta é a novidade cristã, que define a sua identidade e os diferencia dialeticamente do mundo. O Novo Testamento insiste em acentuar esta condição, comum a todos os renascidos. Internamente eles se chamavam de “discípulos”, “crentes” ou fiéis, “irmãos”, “santos”, “eleitos”; os de fora os chamam de “cristãos” (Atos 11,26 –Doc. CNBB 62, n.96.).

Os leigos são Igreja: “Os fiéis, e mais propriamente os leigos, encontram-se na linha mais avançada da vida da Igreja; para eles, a Igreja é o princípio vital da sociedade humana. Por isso, eles, e sobretudo eles, devem ter uma consciência, cada vez mais clara, não só de pertencerem à Igreja, mas de ser a Igreja, isto é, a comunidade dos fiéis sobre a terra sob a guia do Chefe comum, o Papa, e dos Bispos em comunhão com ele. Eles são a Igreja…” (CfL,n. 9). Cada batizado é responsável pela missão da Igreja: “Existe na Igreja diversidade de serviços, mas unidade na missão” (AA n.2). Aos leigos compete, por sua vocação própria, buscar o Reino de Deus, exercendo funções temporais e ordenando-as segundo Deus.

“O campo próprio da sua atividade evangelizadora é o mesmo mundo vasto e complicado da política, da realidade social e da economia, como também o da cultura, das ciências e das artes, da vida internacional, dos “mas media” e, ainda, outras realidades abertas pra a evangelização, como sejam o amor, a família, a educação das crianças e dos adolescentes, o trabalho profissional e o sofrimento[..] (EN, n.70).

O CRSITÃO LEIGO COMO SUJETO ECLESIAL

“O Cristão leigo é verdadeiro sujeito eclesial mediante sua dignidade de batizado, vivendo fielmente sua condição de filho de Deus na fé, aberto ao diálogo, à colaboração e à corresponsabilidade com os pastores. Como sujeito eclesial, assume seus direitos e deveres na Igreja, sem cair no fechamento ou na indiferença, sem submissão servil nem contestação ideológica. Ser sujeito eclesial significa ser maduro na fé, testemunhar amor à Igreja, servir os irmãos e irmãs, permanecer no seguimento de Jesus Cristo, na escuta obediente à inspiração do Espírito Santo e ter coragem, criatividade e ousadia para dar testemunho de Cristo” ( Doc. 105, CNBB –n. 119).

CRISTÃOS LEIGOS DISCIPULOS MISSIONÁRIOS

“A Igreja «em saída» é a comunidade de discípulos missionários que se envolvem, que acompanham, que frutificam e festejam. A comunidade missionária experimenta que o Senhor tomou a iniciativa, precedeu-a no amor (cf. 1 Jo 4, 10), e, por isso, ela sabe ir à frente, sabe tomar a iniciativa sem medo, ir ao encontro, procurar os afastados e chegar às encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos” (Papa Francisco – EG, n.24).

“Saiamos, saiamos para oferecer a todos a vida de Jesus Cristo! Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguran­ças. Não quero uma Igreja preocupada com ser o centro, e que acaba presa num emaranhado de obsessões e procedimentos. Se alguma coisa nos deve santamente inquietar e preocupar a nossa consciência é que haja tantos irmãos nossos que vivem sem a força, a luz e a consolação da ami­zade com Jesus Cristo, sem uma comunidade de fé que os acolha, sem um horizonte de sentido e de vida. Mais do que o temor de falhar, espero que nos mova o medo de nos encerrarmos nas estruturas que nos dão uma falsa proteção, nas normas que nos transformam em juízes implacá­veis, nos hábitos em que nos sentimos tranquilos, enquanto lá fora há uma multidão faminta e Jesus repete-nos sem cessar: «Dai-lhes vós mesmos de comer» (Mc 6, 37)” (Papa Francisco – EG,n. 49).

“A evangelização obedece ao mandato mis­sionário de Jesus: «Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando­-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado» (Mt 28, 19-20). Nestes versículos, aparece o mo­mento em que o Ressuscitado envia os seus a pregar o Evangelho em todos os tempos e lu­gares, para que a fé n’Ele se estenda a todos os cantos da terra” (EG,n. 19).

Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade chamados a ser:

SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO! ( Doc. CNBB,105).

O mandato de Jesus é sempre atual. Hoje Ele chama cada um de nós para continuar a sua missão de viver e anunciar o Reino de Deus a todos.

Qual vai ser a nossa resposta?

Texto. Ir. Salette Besen

(mais…)