UMA RETRIBUIÇÃO DE AMOR!

Falar em dízimo geralmente gera muitas polêmicas, dúvidas e incertezas. Ouve-se, constantemente perguntas do tipo: por que pagar o dízimo? Qual a porcentagem certa a pagar? É pecado não pagá-lo? Para responder essas perguntas inicialmente devemos afirmar que o dízimo não é uma necessidade de Deus. Deus não precisa do nosso dinheiro. A obra de salvação de Deus acontece independentemente da nossa contribuição.

O dízimo é expressão, sobretudo, de um coração agradecido a Deus pelos dons adquiridos e uma atitude de solidariedade para com a comunidade cristã. Neste sentido, podemos eleger três fundamentos para a necessidade de contribuir com o dízimo paroquial:

Bíblico-teológico: a palavra dízimo tem sua origem no Primeiro Testamento na contribuição legal dos 10% dos bens que as Tribos de Israel davam no Templo para o sustento dos sacerdotes, órfãos e viúvas (Dt 27-29; Nm 18,26-28). Já no Segundo Testamento, a contribuição deixou de corresponder precisamente à porcentagem dos 10%, e tornou-se cumprimento do mandamento do amor, posto em prática como partilha alegre e generosa (At 11,27ss; Rm 12,13; 15,26; 1Cor 16,2-3; 2Cor 8,12ss). “Cada um dê conforme o impulso do seu coração, não dê de má vontade ou constrangido, pois Deus ama a quem dá com alegria” (2Cor 9,7). Neste sentido, não existe um valor “taxado” para contribuir com o dízimo, pensar de outra forma é não ver às Sagradas Escrituras como um todo.

Comunitário: A comunidade é uma grande família, que se ajuda, que se sustenta. O dízimo também é solidariedade e fraternidade. A verdadeira comunidade cristã se ama e se ajuda. “Todos os fiéis viviam unidos e tinha tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e os seus bens, e dividiam-nos por todos, segundo a necessidade de cada um” (At 2,44-45). Pelo dízimo, pessoas carentes são assistidas pela Igreja e conseguem ter uma vida mais digna e humanizada.

Pastoral: O dízimo mantém a atividade pastoral da Igreja. Ele é o sustento da evangelização. Para que a esperança do evangelho chegue à vida das pessoas são necessários recursos, estruturas e tudo isso tem um investimento.

Enfim, a contribuição com o dízimo gera em cada cristão uma graça em particular, a graça da gratidão a Deus pelo amor doado na Cruz. Por essa atitude, o cristão apreender a ser corresponsável pela Igreja, pela evangelização, pela salvação das almas e rompe com o egoísmo. Pelo dízimo descobrimos a alegria: “Porque há maior alegria em dar do que em receber” (At 20,35). Pelo dízimo, o cristão faz uma experiência concreta do Evangelho e conforma o seu coração ao Sagrado Coração de Jesus, que ama, partilha e, é grato!

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CONHEÇA MAIS SOBRE AS 4 DIMENSÕES DO DÍZIMO: 

A primeira dimensão do dízimo é a RELIGIOSA: tem a ver com a relação do cristão com Deus. Contribuindo com parte de seus bens, o fiel cultiva e aprofunda sua relação com aquele de quem provém tudo o que ele é e tudo o que ele tem, e expressa, na gratidão, sua fé e sua conversão. Essa dimensão, tratando da relação com Deus, insere o dízimo no âmbito da espiritualidade cristã. A partir da relação com Deus, a relação com os bens materiais e com seu correto uso, à luz da fé (Lc 12,15-21; 1Tm 6,17-19) ganha novo significado. A consciência do valor desses bens e, ao mesmo tempo, de sua transitoriedade, leva os fiéis, ao contribuírem com o dízimo, à experiência de usar os bens materiais com liberdade e sem apego, buscando primeiro o Reino de Deus e a sua justiça (Mt 6,33).

O dízimo também tem uma dimensão ECLESIALCom o dízimo o fiel vivencia sua consciência de ser membro da Igreja, pela qual é corresponsável, contribuindo para que a comunidade disponha do necessário para realizar o culto divino e para desenvolver sua missão. A consciência de ser Igreja leva os fiéis a assumirem a vida comunitária, participando ativamente de suas atividades e colaborando para que a comunidade viva cada vez mais plenamente a fé e mais fielmente testemunhe. Desse modo, cada fiel toma parte no empenho de todos e se abre para as necessidades de toda a Igreja. O dízimo também oferece condições às paróquia se comunidades de contribuírem de modo sistemático com a Igreja particular, mantendo vivo o sentido de pertença a ela.

O dízimo tem uma dimensão MISSIONÁRIA. O fiel, corresponsável por sua comunidade, toma consciência de que há muitas comunidades que não conseguem prover suas necessidades com os próprios recursos e que precisam da colaboração de outras. O dízimo permite a partilha de recursos entre as paróquias de uma mesma Igreja particular e entre as Igrejas particulares, manifestando a comunhão que há entre elas. De fato, em cada Igreja particular, na comunhão com as demais, está presente e atua a una e única Igreja de Cristo. O dízimo contribui para o aprofundamento da partilha e da comunhão de recursos em projetos como o das paróquias-irmãs e o do fundo eclesial de comunhão e partilha, no âmbito da Igreja particular; e nos projetos “Igrejas-irmãs” e “Comunhão e Partilha”, em âmbito nacional.

O dízimo tem ainda uma dimensão CARITATIVA, que se manifesta no cuidado com os pobres, por parte da comunidade. Uma das características das primeiras comunidades cristãs era de que “entre eles ninguém passava necessidade”, pois tudo era distribuído conforme a necessidade de cada um (At 4, 34-35). A atenção com os pobres e suas necessidades é uma característica da Igreja Apostólica. Ao reconhecerem a autenticidade do ministério de São Paulo, os apóstolos pediram que não se esquecesse dos pobres (Gl 2,10). “A opção preferencial pelos pobres está implícita na fé cristológica” e a caridade para com os pobres “é uma dimensão constitutiva da missão da Igreja e expressão irrenunciável da sua própria essência”.

*Documento 106, “O Dízimo na Comunidade de Fé – Orientações e Propostas” CNBB (2016).